sexta-feira, 15 de junho de 2012

"A Serpente e o Sábio"


Contam as tradições populares da Índia que existia
uma serpente venenosa em certo campo.
Ninguém se aventurava a passar por lá,
receando-lhe o assalto.

Mas um santo homem, a serviço de Deus, buscou a região,
mais confiado no Senhor que em si mesmo.

A serpente o atacou, desrespeitosa.
Ele dominou-a, porém, com o olhar sereno, e falou:

- Minha irmã, é da lei que não façamos mal a ninguém.

A víbora recolheu-se, envergonhada.

Continuou o sábio o seu caminho e a serpente
modificou-se completamente.
Procurou os lugares habitados pelo homem,
como desejosa de reparar os antigos crimes.

Mostrou-se integralmente pacífica, mas, desde então,
começaram a abusar dela.
Quando lhe identificaram a submissão absoluta,
homens, mulheres e crianças davam-lhe pedradas.
                 
A infeliz recolheu-se à toca, desalentada.
Vivia aflita, medrosa, desanimada.
                 
Eis, porém, que o santo voltou pelo mesmo
caminho e deliberou visitá-la.
               
Espantou-se, observando tamanha ruína.
                 
A serpente contou-lhe, então, a história amargurada.
Desejava ser boa, afável e carinhosa,
mas as criaturas perseguiam-na.
                 
O sábio pensou, pensou e respondeu após ouví-la:
                 
- Mas, minha irmã, ouve um engano de tua parte.
Aconselhei-te a não morderes ninguém,
a não praticares o assassínio e a perseguição,
mas não te disse que evitasses de assustar os maus.
                 
Não ataques as criaturas de Deus, nossas irmãs
no mesmo caminho da vida,
mas defende a tua cooperação na obra Senhor.
                 
Não mordas, nem firas, mas é preciso
manter o perverso à distância,
mostrando-lhe os teus dentes e emitindo os teus silvos.

Autores: André Luiz
Psicografia Chico Xavier
(Da obra: Os Mensageiros)